A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma alteração hormonal muito comum atualmente, e cada vez mais percebemos o aumento do número de casos em mulheres jovens e adolescentes.
A SOP pode se manifestar de formas diferentes em cada mulher, pois atualmente existem quatro fenótipos distintos para essa condição, cada um deles com sintomas e abordagens específicas.
De uma forma geral, ela se caracteriza pela presença de dois dos três critérios a seguir: hiperandrogenismo (aumento dos níveis de hormônios androgênicos), presença de múltiplos cistos nos ovários e redução ou ausência de ovulação ao longo do ano.
No fenótipo clássico (tipo A), as três características costumam estar presentes, sendo esse o que mais impacta a fertilidade. No fenótipo tipo B, há a presença do hiperandrogenismo e alterações ovulatórias, sem a presença dos cistos nos ovários. Mulheres com o fenótipo tipo C apresentam os cistos nos ovários e o aumento dos hormônios androgênicos, porém menstruam e ovulam normalmente. Já no fenótipo tipo D, chamado de não androgênico, a mulher apresenta apenas os cistos nos ovários e a alteração ovulatória, sem as características androgênicas.
Essas características androgênicas geralmente são muito incômodas, pois envolvem o aumento dos pelos corporais (principalmente na região da face, mamilos e costas) e um aumento da oleosidade da pele e cabelos. Esses sintomas são ocasionados pelo aumento dos níveis circulantes de testosterona livre ou dihidrotestosterona, que são hormônios relacionados a características mais masculinas. Importante salientar que mulheres também produzem testosterona e ela é fundamental para a saúde reprodutiva e libido feminina, mas, no caso da SOP, esses níveis estão inadequados. O aumento excessivo de androgênios atrapalha a ação do estrogênio e progesterona na fase lútea, causando a redução da fertilidade.
Atualmente, sabe-se que mais de 70% das mulheres portadoras de SOP apresentam um quadro que chamamos de resistência à insulina, sendo ele o responsável por essas alterações hormonais. A resistência à insulina tem relação direta com o estilo de vida, principalmente no que se refere à qualidade e quantidade dos carboidratos ingeridos na dieta, e também com o excesso de peso corporal. Na prática, vemos que muitas mulheres portadoras de SOP estão acima do peso.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, e é um regulador dos níveis de açúcar no sangue, com a função de armazenar glicose no músculo, no fígado ou, no caso de consumo excessivo, no tecido adiposo. A resistência à insulina ocorre a partir de uma desregulação nesse processo, seja pelo consumo excessivo de carboidratos, seja por uma redução da sensibilidade do organismo à ação desse hormônio, geralmente ocasionada pelo quadro de sobrepeso ou obesidade. Se não tratada, além de desregular o equilíbrio hormonal feminino, pode aumentar o risco de diabetes mellitus.
A SOP não tem cura, mas tem um excelente controle, desde que haja uma modificação efetiva do estilo de vida. O tratamento da SOP envolve a melhora da qualidade alimentar, com a utilização de uma dieta com consumo controlado de carboidratos, em torno de 40 a 45% do valor calórico total, e do controle do peso corporal, inserindo também a prática de atividade física regular. Além disso, alguns nutrientes presentes na dieta atuam na melhora da resistência à insulina e devem ser inseridos ou suplementados, como o cromo, o ômega 3 e o ácido alfa lipóico.
Seguindo esses passos, os ciclos hormonais tendem a se regular e as chances da tão sonhada gravidez aumentam consideravelmente!
POR MARIA GABRIELA RECH E EDUARDO CLAAS