Talvez, durante a sua jornada de preparação para a maternidade, ninguém tenha dito para você que a sua tireoide pode estar interferindo nas chances de gestação. Aqui, vamos te mostrar a importância da saúde tireoidiana e seus impactos na fertilidade feminina.
A tireoide é uma glândula que possui o formato parecido com uma borboleta, que se encontra na região superior do pescoço. Se engana quem pensa que a única função dela é controlar o peso corporal e o metabolismo! Seu papel vai muito além disso, já que possuímos receptores de hormônios tireoidianos em vários órgãos, inclusive nos órgãos reprodutivos.
Ela é responsável pela produção dos hormônios T3 e T4, que participam no controle da temperatura corporal, no controle emocional, na velocidade do trânsito intestinal e também na regularização dos ciclos menstruais e na fertilidade. Hormônios tireoidianos em níveis adequados são fundamentais para a maturação dos folículos, que irão liberar um óvulo durante a fase de ovulação, e também atuam melhorando a fase lútea, importante para criar um ambiente uterino saudável para a implantação do embrião.
Há uma alta prevalência de alterações tireoidianas em mulheres com infertilidade. A presença de hipotireoidismo está associada a alterações ou supressões no ciclo menstrual (menorragia) e também na diminuição da ovulação, o que interfere diretamente nas chances de gestação.
A tireoidite de Hashimoto (TH) é também conhecida como doença autoimune da tireoide, e é uma das principais causas de hipotireoidismo, principalmente em mulheres. Estima-se que a presença de anticorpos contra a tireoide, mesmo com níveis normais de hormônios tireoidianos, seja responsável por até 25% dos abortos de repetição, influenciando também as taxas de implantação após a fertilização in vitro.⠀⠀⠀⠀
Na prática, vemos pouquíssimas pessoas que já foram orientadas a dosar alguma vez na vida esses anticorpos antes de iniciar um tratamento. Fato preocupante já que, nessa situação, o uso do hormônio sintético não vai interromper o ataque constante do sistema imune à glândula. Pelo contrário, vai mascarar uma situação de base que pode gerar outros problemas futuros, inclusive a infertilidade.
Importante salientar que a tireoide é uma glândula que necessita de muitos nutrientes para realizar a produção adequada dos seus hormônios. Ter uma boa ingestão de zinco, selênio, iodo, vitamina A e ferro, entre outros nutrientes, é fundamental para melhorar os níveis hormonais. Muitas vezes, corrigindo essas carências, é possível reduzir a quantidade de medicamentos, ou até mesmo suspendê-los.
Além disso, toxinas ambientais podem influenciar e muito no funcionamento tireoidiano, reduzindo drasticamente sua função. A exposição crônica a cloro, flúor e contaminantes ambientais como o bisfenol A (presente em embalagens plásticas), podem estar envolvidos nas causas do hipotireoidismo.
O tratamento integrativo e sistêmico do hipotireoidismo não é focado apenas na glândula em si, mas envolve o manejo adequado do stress, a correção de carências nutricionais, a redução da exposição à toxinas e, principalmente, um reforço da mucosa e flora intestinal, com o controle de alguns alimentos que podem alterar a permeabilidade do intestino – um dos grandes gatilhos para doenças autoimunes.
LEMBREM-SE: Fertilidade não é avaliar apenas órgãos reprodutivos e hormônios sexuais!
POR MARIA GABRIELA RECH E EDUARDO CLAAS